Manifesto para solo performers e pessoas fora do normal

Toda arte só existe quando inteira. Arte é entrega.
Arte é suor na pele, saliva na boca, olhos brilhando e sangue nas veias. Arte é presença.
Toda arte precisa de pelo menos duas pessoas: quem apresenta e quem presencia. Ambas as pessoas são e estão presentes.
A solo performance é a mais inteira e a mais presente de toda comunicação e toda natureza humana.
O espaço da solo performance é o universo. Tudo e somente o que preserve a integridade e inteireza de quem participa é permitido.
O tempo da solo performance é atemporal. Só existe o agora.
Os temas da solo performance sempre serão políticos quanto a esfera das relações humanas, do um pra um, todo o tempo.
O impulso inicial da solo performance é sempre o prazer, de todas as pessoas que participam. Nada resiste a utopia amada.
O corpo na solo performance é todo o corpo e todos os corpos, de todas as origens e expressões.
Quem faz solo performance é pessoa dotada de escuta ativa, repertório diversificado, criatividade pronta e percepção. Sempre se aprende como na primeira vez. Sempre se acolhe a outra pessoa como um corpo só.
A partir deste manifesto, e da minha cara-de-pau, declaro-me solo performer, e declaro-me pessoa pronta para todas as artes da cena, do palco, das ruas, das praças, da caixa preta, do cubo branco, e de novas formas futuramente inventadas.
Que a solo performance nunca seja careta, engessada, medrosa, covarde, parcial.
Pela arte como todo e como tudo.

SP, Planeta Terra, março de 2019.
(lido na Sala Paissandu, Galeria Olido, junho de 2019)

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